Já sinto o cheiro das castanhas. Fazem-me lembrar os meus tempos de meninice, quando ainda era um rebento e crescia nos bosques deste belo país. Cresci entre outros carvalhos e castanheiros, belas árvores que já não existem. Umas desapareceram no mesmo corte que eu e outras foram consumidas por incêndios que “assassinado” muita da família. Para quando um programa de prevenção de incêndios feito com lucidez, bem estruturado sem olhar a meios e a despesas em vez de andarem a encher os bolsos a meia dúzia de amigos com firmas de helicópteros que exploram aeronaves do estado. Gastamos milhares em formação de pilotos da força a aérea e esses ficam plantados no chão, ou quando saem vão fazer uns cobres para essas ditas empresas.
Oiço o crepitar das brasas as castanhas já assam, ao menos essas cumpriram o seu destino e um dia serão lançadas novamente no seio da terra mãe, mais tarde ou mais cedo serão.
Ainda não estou pronto, o néctar que repousa no meu casco ainda não ganhou corpo, ainda não está maduro o suficiente para matar a sede aos teus amigos, vão ter que se contentar com a minha neta, a água pé. Mais viva e mais fraquinha ao menos hoje podem conduzir os seus carros e não haverá a necessidade de pernoitarem, a não ser que abusem demais pois ela é mais fraquita mas também sabe bater.
Aquele teu amigo engenheiro continua espirituoso e sempre muito bem disposto. Ele e as anedotas e com as suas cantorias é um gosto ouvi-lo.
Era o vinho meu bem
era o vinho
era a coisa que mais adorava
só por morte meu bem só por morte
só por morte o vinho eu deixava
Eu hei-de morrer numa adega
de copo de vinho na mão
o vinho é a mortalha
o Barril o meu caixão
Que belo coro de vozes, ainda os inscrevo para o festival da canção, quem sabe se não seria desta forma que alguma vez o ganhávamos, ou isto ou um coro de alentejanos.